O Fio do Bigode Já Não Tem Tanto Valor - Yan Klovinsk

O Fio do Bigode Já Não Tem Tanto Valor

rosto com bigode

Hoje lhes apresento mais um Guest Post da colunista Luciana Rangel da Silva Tyrka*. O tema abordado é sobre o valor da palavra dada a outra pessoa – inúmeras afirmações e reafirmações da confiabilidade das pessoas, umas nas outras. Em especial as promessas que 

comprometem diretamente a honra dos envolvidos nas relações que se estabelecem tendo por base a credibilidade, a expectativa de que a outra parte irá cumprir com o que foi combinado-contratado.

Era comum nos tempos em que meu avô e minha avó eram jovens, que os contratos fossem feitos na modalidade oral, sem precisar registrar no papel e assinar para poder certificar-se de que o tratado seria fielmente cumprido.

A máxima formalidade que, em algumas ocasiões se impunha, era anotar em um fragmento de papel de enrolar pão (que foi substituído pelo tradicional saquinho pardo) as obrigações verbalmente contratadas. Essa anotação tinha o cunho específico da lembrança, isso é, anotar para lembrar, seja a tarefa, seja eventual quantia ou quantidade, ou outra informação referente ao que fora tratado; jamais teria como objeto a garantia do cumprimento do pactuado.

E por que era assim?

A “palavra”, em seu sentido oral/literal, era dotada de força de Lei. Sim: se o meu avô dissesse que levaria até o armazém 10 kg de milho no dia seguinte, às tanta horas da manhã, certamente seu pronunciamento oral valia como uma folha de papel preenchida com tais termos, timbrada, carimbada e assinada. Era o conhecido “FIO DO BIGODE”.

E hoje, como é?

Se é cada vez mais raro ver o próprio “bigode”, que já deixou de vigorar nas passarelas da moda modernizada, quanto mais o “fio de bigode legal”.

Infelizmente o poder da palavra tratada veio se perdendo com o progresso social, e atualmente não é possível confiar nos acordos orais. Há, ainda, pessoas honestas com as quais um simples acordo verbal é garantia de eficácia na realização do que se tratou. Porém, a grande maioria dos cidadãos não se sente pressionado pelas suas próprias palavras: é preciso algo a mais para impingir-lhes o senso de obrigação em relação a terceiros.

Exemplos rotineiros são os serviços prestados pelo grupo dos “eiros”, com alguns agregados que não possuem tal sufixo: gesseiros, marceneiros, vidraceiros, serralheiros, pedreiros e pintores (que não possuem a referida terminação, mas possuem as características), dentre outros, para os quais a “palavra” tem efeito inexistente, principalmente quando se fala de prazo.

Há, obviamente, diversos profissionais e mesmo empresas com os quais o contrato verbal não produz efeitos. E para solucionar o problema do “fio do bigode” perdido, a legislação moderna trata do conhecido CONTRATO, elencando forma, requisitos e atribuindo valor legal.

Infelizmente essa prática não é adotada com frequência por nós. Mas devemos repensar nossas ações e nos resguardar com o que a legislação oferece. Ao contrário do que muitos pensam, os contratos em geral são particulares: você não precisa de Cartórios ou Juízes como intermediários, bastando a redação dos termos e as assinaturas das partes. Certamente há requisitos não obrigatórios que podem reforçar ainda mais o pactuado, como a assinatura de (duas) testemunhas e o reconhecimento de firma, por exemplo. Mas, realizando um contrato básico, o cidadão está muito mais seguro que se apostar no falido “fio do bigode”.

Assim, quando você precisar de um serviço ou produto e procurar um profissional ou empresa para tanto, não deixe de formalizar os termos do trato. Isso pode te trazer facilidade no momento de buscar seus direitos e cobrar a responsabilidade da outra parte. Também garante que os prazos sejam efetivamente observados, uma vez que o contrato pode trazer cláusulas referentes ao descumprimento de qualquer parte do acordo, assim como a resolução (quebra, desfazimento) contratual, em caso de irresponsabilidade de uma ou ambas as partes.

Fica a dica para uma consulta ao Código Civil, disponível pela internet, por meio do site da Presidência da República, que traz, a partir do artigo 421, toda a estipulação legal sobre os contratos. A partir do artigo 481, o Código trata de alguns tipos específicos de contratos, como o de compra e venda e o de locação (aluguel). Há ainda bons sites, mormente os jurídicos, que disponibilizam modelos já elaborados de inúmeras variedades de contratos, de forma gratuita.

Com isso, não há motivo para não se prevenir ao realizar um trato com outrem.

O que você pensa sobre o tema? Deixe um comentário logo abaixo ou sugira um artigo, precisamos de ambos para continuar melhorando o blog.

Esperamos sua visita em breve. Obrigado pela Companhia e, compartilhe com os seus Amigos!


17 comentários:

  1. Da a entender que "O Fio do Bigode" antes já teve muito valor, hoje dia fazer um contrato verbalmente já não existe como no passado como nossos avós nos contavam a parecer, esta cada vez mais comum levar "calotes" porque as pessoas não dão valor a serio cumprir suas palavras, devemos estar muito atentos aos serviços que nós contratamos, devemos fazer umas notinhas como se fossem um contrato de serviço. Para mim se ainda que tivesse pouca as coisas e costumes de antigamente o mundo seria bem melhor, adotando aqueles velhos costumes, bons modos. Devia ser feito uma pesquisa sobre as coisas serem como eram antes, eu seria o primeiro a ser entrevistado por querer os modos de antigamente onde a palavra tinha valor. Devemos dar valor a palavra dada a outra pessoa.

    Lazaro Feitosa dos Santos

    ResponderExcluir
  2. Antigamente o que valia era o fio de bigode,meu vô ja me contou muitas histórias sobre o fio de bigode,podia acontecer o que for mas era cumprido,hoje em dia se você não tiver um contrato assinado é muito difícil que se cupra o combina.Pedro Henrique Souza Ramos

    ResponderExcluir
  3. Rayane Costa Miranda28/06/2016, 11:56

    No tempo dos nossos avós não existia contratos, era feito acordos verbais conhecidos como fio do bigode. No entanto os acordos eram feitos, por exemplo: Se um senhor que vende verduras para uma mercearia, ele falaria para o dono do comércio que chegaria oito horas, não era feito um contrato e sim só um acordo verbal que era a lei da época. No máximo que era feito umas anotações para lembrar a quantidade, etc. Mais isso não servia como garantia de um contrato fechado, mais o acordo verbal já bastava para algum negócio ser feito. Nos dias de hoje são mais raros você encontrar acordos verbais que sejam cumprindo pelas duas partes negociante, tornando assim praticamente extinto o fio do bigode. Para segurança das partes negociantes ou até mesmo do empregador e empregado foi criado pela legislação moderna o contrato no qual ele contém todas as obrigações de ambas as partes tornando assim mais difícil de descumprirem o acordo.

    ResponderExcluir
  4. Hoje em dia ja não se vê pessoas com compromisso. Época dos nossos avós era uma coisa linda de se ver, palavra era tudo. Hoje não podemos confiar nem mesmo quando por escrito e assinado, mesmo assim ainda acham um jeitinho de enrolar.

    Simone Nunes Dantas

    ResponderExcluir
  5. Na nossa realidade o "fio do bigode" não tem importância nenhuma,as pessoas em si não tem respeito e nem compromisso com o próximo, estão deixando de lado o profissionalismo e errando ate mesmo no compromisso escrito no contrato.Hoje em dia não se pode confiar em ninguém,não possui um atendimento de qualidade e quando temos se torna algo ate surpreendente e curioso.

    Beatriz Marques de Aguiar

    ResponderExcluir
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  7. Nos tempos em que meu avô e minha avó eram jovens como citado no texto acima, os contratos eram feitos na modalidade oral, sem precisar de registro no papel e nem que o empregado assinasse qualquer tipo de contrato para certificar de que o trabalho fosse feito, comprometendo diretamente a honra dos envolvidos, a credibilidade e a expectativa de que a outra parte irá cumprir com o que foi combinado.
    Hoje em dia isso se torna cada vez mais raro, pois infelizmente o poder da palavra, os contratos feitos na modalidade oral já não são levados a sério, em meio a malícia e calotes encontrados em vários tipos de serviços contratados, é preciso algo a mais do que o contrato oral, e para solucionar o problema o contrato na legislação moderna teve que vim elencando forma, requisitos e atribuindo valor legal para que se fosse levado mais a sério, assim tendo por base dos direitos, uma forma mais fácil de correr atrás dos prejuízos tomados.

    Emanuel Ponssiano Galdino Fernandes

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo. Antigamente só a palavra bastava para as pessoas conseguirem fechar um negócio ou comprar algo. Pois a Passoa valia o que dizia e ponto! Hoje em dia as coisas mudaram muito, as pessoas não tem mais palavra e muito menos fazem o que dizem. Então faz se necessário o Registro desses documentos com a assinatura da pessoa.


      Emanuelle Coelho de Aguiar

      Excluir
  8. Que a verdade seja dita, os nossos antepassados pai, mães, avós não conseguem se abituar ou entender o porque dessa nossa revolução, onde o fio do bigode não se é mais executado em nossos dias e é muito interessante ouvir deles histórias sobre o fio do bigode. É muito chato e frustante quando colocamos as nossas expectativas nas pessoas e não somos atendidas a altura, e essa situação não se encaixa só na área do comércio em si, mas nos simples compromissos do dia a dia por exemplo: Vamos ao shopping ou vamos ao clube e estar tudo combinado com a pessoa e no dia do combinado o fio do bigode se fora esquecido ou deixado de lado porque essas pessoas não se comparecem, na verdade não se compromissaram de fato, mas enfim tem questões mais sérias que não podemos brincar. Por exemplo, eu vivi uma experiência própria sobre isto em que eu vendi meu carro para um colega confiando no fio do bigode acreditando que ele nunca levaria multa ou fizesse algo de errado, e hoje me vejo em uma situação complicado onde a justiça não reconhece um trato feito de boca. Agora o fio do bigode não tem mais efeito em minha vida. Dei fim ao fio do bigode e privilégio ao preto no branco.
    Em vista disso concordo totalmente que o fio do bigode já não tem mais valor atualmente.

    Eduardo Frutuoso de Souza

    ResponderExcluir
  9. As pessoas mentem, imagino naquela época muitas delas eram passadas para traz, tomavam rasteiras por pessoas desonestas por simplesmente fazer um acordo no qual não foi cumprido pela outra parte, desgosto sem dúvida, raiva explosões de sentimentos, imagine só como essas pessoas se sentiam, quem nunca foi passado pra traz nessa vida? Mais as pessoas aprendem com o erro e ficam mais espertas e agora tudo é no contrato como sempre deveria ser.

    MAYKE DIAS DA SILVA

    ResponderExcluir
  10. Antigamente, as palavras das pessoas tinham um valor, o que era dito era feito. Já nos dias de hoje a nossa realidade é completamente diferente, o poder da palavra vem perdendo a força com o passar dos anos e é uma missão quase que impossível confiar em tudo que as pessoas falam. Não existe mais honestidade no que foi dito, no que será feito, ou seja, não existe mais o comprometimento interpessoal. Quando algo que foi acordado verbalmente não surte o efeito desejado na prática, é necessário documentar algo para que seja colocado em prática o que foi dito verbalmente. As pessoas devem repensar as suas ações e ter compromisso e o comprometimento com o próximo.

    Karen Karulina de Vasconcelos.

    ResponderExcluir
  11. Concordo plenamente com o autor do texto, os nossos valores mudarão e muito! como disia meu pai "uma palavra dita valia como se fosse um papel assinado", o fio do bigode; porem hoje não podemos confiar no outro dessa forma, pois esses custumes forão subistituidos por contratos assinados.

    Maria Aparecida de Morais Monteiro

    ResponderExcluir
  12. nNos dias de hoje a simples palavra que antes sinônimo de honra, respeito e disciplina por parte dos negociantes hoje já não vale mais nada e um bom contrato bem redigido e entendido por ambas as partes é a melhor opção de segurança para os interessados!

    Maria Santana da Silva Oliveira.

    ResponderExcluir
  13. Concordo.hoje em dia as coisas mudaram pois homem nao tem mais caráter e com isso infelismente as coisas teve que tomar um rumo mais complexo devido onde a palavra nao basta mais,mesmo com tudo isso ainda existe pessoas onestas onde sua palavra vale mais que um papel registrado mais sao condenados por outros que sua palavra nao tem valor a nao ser registrados e por isso que os princípios antigos nao sao mais adotaodos. Joana de paula

    ResponderExcluir
  14. concordo , pois antigamente existiam e ate hoje mesmo há homens que agem de boa fé , com sinceridade no que fazem e no que falam . Porem nos dias de hoje , não se vê dessa forma, é algo escasso "pessoas de palavras" .Princípios e valores sendo violados costumes que não se tem respeito , mediante a isso resultaremos á níveis baixos .
    Ádna Priscila Almeida Tabelião

    ResponderExcluir
  15. Realmente nos dias de hoje não damos tanto valor ao que se é dito, o contrato verbal "fio de bigode", como se dizia no passado, perdeu muito seu espaço, mais isso veio a acontecer pela desonestidade das pessoas que nos dias de hoje se faz presente, para não levarmos um "calote" somos obrigados a correr atrás de contratos, o que nos dá uma segurança a mais nos dias de hoje, infelizmente o "fio de bigode" perdeu seu valor pelo simples fato de não termos mais tanta confiança assim no próximo, hoje são raros as pessoas em que se pode confiar, família, amigos, e olhe lá, porque até esses não cumprem com o combinado,nao são todos..

    ResponderExcluir
  16. E VERDADE OS DIAS DE HOJE NÃO SÃO COMO ANTIGAMENTE,COMO E FALADO NO TEXTO ANTIGAMENTE O QUE VALIA ERA A PALAVRA,HOJE EM DIA TEM CONTRATO E MUITAS VEZES NÃO SÃO CUMPRIDOS.

    LUCIENE LOPES DA SILVA FERREIRA

    ResponderExcluir