Meio Século de Vida de um Cinquentão Feliz - Yan Klovinsk

Meio Século de Vida de um Cinquentão Feliz

Meio Século de Vida de um Cinquentão Feliz

Se você é um cinquentão este texto é para você, mas se ainda não o é, então, ele foi escrito especialmente para você. Porque somos jovens apenas uma vez, mas podemos permanecer imaturos até o fim da vida. É relativo completar cinquenta anos, porque para um pé de alface

eu sou muito velho, todavia para uma montanha eu ainda nem nasci. 

É também um paradoxo, porque o mercado de trabalho não é tão convidativo aos cinquentões, querem experiência para determinada função, mas contratam alguém com dezoito anos de idade – não se questiona um fato, somente opiniões. Nesse caso o jeito é ser freelancer.

Para eu chegar aos dezoito anos de idade foi mais difícil e demorado do que chegar aos cinquenta, passou muito rápido. Quando criança acreditava que nessa idade seria avô, mas esse título chegou-me aos quarenta e sete, porque com vinte já era pai e pela segunda vez com vinte e dois. Quando digo avô quero dizer-lhe vovô caquético – muito debilitado, muito usado ou muito ultrapassado. Entretanto, para minha surpresa, isso não se confirmou, pois estou mais ativo hoje do que quando tinha vinte e cinco anos de idade.

Atualmente sou funcionário público na função de Psicólogo e, há dois anos resolvi alargar meus conhecimentos e matriculei-me no curso de Direito e na pós-graduação em Gestão Pública. Como se isso não fosse mais que suficiente, sou escritor nas horas vagas, então, criei esse blog para dar vazão ao desejo de escrever e compartilhar algumas ideias com meus leitores, além dos sete livros que escrevi. O blog vai fazer um ano de vida no final de junho/2012 e ele vai muito bem, obrigado! É uma correria danada, mas muito gratificante. Correria é força de expressão, pois um cinquentenário só corre se o cachorro for bravo.

Há um ano e meio atrás coloquei aparelho nos dentes para alinhá-los e corrigir a tal de mordida cruzada. É desconfortável e, ás vezes, irritante. Mas continuo sorrindo com meus dentes metalizados, porque, independente do aparelho sempre fui bom de mordida. Ah, sim! Também gosto de sexo! Sempre que possível mantenho o maquinário funcionando, é uma atividade lúdica que mantém ativo meu porte atlético de jogador de canastra. É nóis na fita, mano!

Pensa que tudo são flores? Sou portador de hemofilia e isso é uma desvantagem. Todavia sempre fiz dela um motivo a mais para vencer, porque aquilo que não mata fortalece. Mas em função de fazer uso de medicamentos hemoderivados, contraí hepatite ‘C’ há trinta anos. Apesar de assintomático iniciei o tratamento de 24 semanas e me vi em apuros com os efeitos colaterais. A medicação composta de Interferon e Ribavirina (antivirais) produziu efeitos colaterais como enjoo, dores de cabeça e nas articulações, ausência de libido, cansaço e o mais indesejável deles – a anemia. Felizmente o tratamento está chegando ao fim com resultados dos exames melhores do que o esperado. Pensa que não estou feliz?

Uma lição fundamental que aprendi nessa jornada até aqui é que a vida é um eterno aprender. Quem para de aprender envelhece três vezes mais rápido. Pode acreditar! O conhecimento é inversamente proporcional à ignorância, pois quanto mais sabemos mais temos consciência daquilo que ignorávamos – aquilo que não sabíamos que não sabíamos.

Não envelhecemos, mas aprendemos a nos reinventar todos os dias, caso contrário seremos escravos do hábito. Quando acordamos somos, inevitavelmente, convidados a participar da vida, a fazer alguma coisa de útil para nós e os outros. Simples assim.

Aposentadoria, planos de saúde, seguro de vida não são meus sonhos de consumo. Vivo uma vida simples por escolha, porque as boas coisas da vida são simples e não está ligado aos bens materiais, um beijo, um abraço, um elogio, ser estimado e respeitado pelos outros, etc. Fica claro que a conquista de alguns bens matérias podem lhe proporcionar algum conforto, às vezes, dor de cabeça. Mas não se engane eles nunca lhe oferecerão felicidade, porque ela é um estado de espírito que não precisa ser justificada. Ou se está feliz ou não. Assim, não se deixe iludir pelo consumo exagerado, comprando aquilo que não precisa, pois, o beneficiário não será você.

Não é a idade que pode lhe pesar nas costas, mas os problemas acumulados durante a vida. Simplifique-a! Para que complicá-la? Cinquenta anos representa apenas a idade registrada na sua carteira de identidade, nada mais. É apenas um valor arbitrário para marcar o tempo. Todavia, onde está o tempo? Só há um lugar onde se pode encontrar o tempo, dentro da sua cabeça. Especificamente, na sua consciência, sem ela a noção/sensação de tempo desaparece por completo. Todos os dias, vemos pessoas fazendo mal-uso do tempo quando acreditam não terem mais tempo para realizar seus sonhos ou pessoas fazendo o contrário quando pensam que terão todo o tempo de que precisam. Por causa disso, observamos velhos de trinta anos e jovens de oitenta anos.

Quando se diz que um homem está na crise da meia-idade estamos dizendo que ele está em fase de reavaliação da vida, um check-up, uma correção nos registros e uma desfragmentação completa. Esse processo é importante, não porque estamos mudando de fase, mas porque estamos descartando tudo aquilo que não nos serve mais, como jogar na lixeira os arquivos do computador que não mais precisamos. Exemplo prático disso é eliminar da sua vida os falsos amigos – um entrave para seu crescimento pessoal e qualidade de vida, não permita que frequentem sua casa. A simples atitude de não se vincular a eles o libertará desse entrave. Nesse caso, menos significa mais e você poderá comemorar mais cinquenta anos de vida. Vou escrever outro artigo no meu centenário. Quem viver verá, aguarde!

Nessa fase da vida, podemos nos dar ao luxo de não precisar provar nada a ninguém, senão a nós mesmos e, de fazer somente aquilo que nos dá prazer. O fato de se chegar a essa idade é uma vitória ou se preferir uma benção dada por Deus, porque nem todos tiveram ou terão esse privilégio e é a estatística que corrobora essa tese.

Com cinquenta anos acumulando experiências boas e más, se não desistiu da vida, provavelmente você estará olhando para frente, para o futuro cheio de boas expectativas e, seu corpo responde positivamente a elas. Você se torna mais dinâmico, alegre e se sente mais jovem. Ter cinquenta anos é poder rir de si mesmo sem culpa e, dos outros também. Sinto-me como se fosse um urso. Por causa da força? Não! Pela capacidade de hibernar.

Nunca é demais lembrar que temos três idades: a cronológica, a física e a psicológica. A idade cronológica é aquela que consta na certidão de nascimento e na carteira de identidade; a idade física está ligada ao espelho, a nossa aparência, ou parecemos mais velhos ou mais jovens de acordo com o ponto de vista de cada um e, a idade psicológica que é pessoal e intransferível, é a idade que sentimos ter em função de nossos estados emocionais e perspectivas futuras.

Esse jubileu de ouro é o momento perfeito para conquistar novas amizades, não só na mesma faixa etária, porque há necessidade de se aprender com os mais jovens e eles com os mais velhos, é uma relação de troca. Se você está sozinho é hora de buscar outro amor e sentir aquele frio no estomago diante da insegurança, alegria e incertezas inerentes à paixão. Mas cuidado! Só se envolva com maiores de dezoito anos (risos).

A vida é uma ponte que não podemos nos recusar em atravessá-la, pois temos que viver a vida. Chegar do outro lado significa dizer que você fez tudo que podia e se sente realizado por isso, além de estar preparado para o encontro com o altíssimo. Enfim, uma vida plena de experiências. Chegar aos cinquenta anos é estar, em tese, no meio dessa ponte caso ela tenha cem anos. Mas ela pode ter mais que isso, então, você nem chegou à metade. De qualquer modo, seja no começo ou na metade da ponte o caminho a seguir é sempre em frente. Não olhe para trás querendo voltar, não há volta. De tudo que fez até aqui mantenha na lembrança apenas as experiências que lhe proporcione o desejo de realizar algo, que o deixe motivado e esperançoso.

Sou cristão, mas sem religião. É escolha mesmo! Entretanto todas as religiões pregam que o objetivo final da vida é ser “salvo”. Nesse ínterim vou vivendo minha vida simples, porque se eu tenho certeza da “salvação”, para que a pressa?

Parabéns aos cinquentões! Repito aqui o cumprimento do vulcano Spock (Leonard Nimoy) da série Jornada nas Estrelas: “Vinda longa e próspera!”

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