Novo Medicamento da Roche para Hemofilia A - Yan Klovinsk

Novo Medicamento da Roche para Hemofilia A

Pedras em Equilíbrio

Durante décadas, os laboratórios têm pesquisado incessantemente por novos medicamentos para tratar os portadores de Hemofilia A, como diminuir a alta frequência das infusões, mudar a via de administração, contra-atacar o desenvolvimento de inibidores do Fator VIII e 

produzir medicamentos mais seguros. 

Roche divulga resultados positivos de estudo com novo medicamento para tratamento da hemofilia 'A'.


Estudo HAVEN 1 demonstrou que o uso em profilaxia da molécula emicizumabe reduziu número de episódios de sangramento em pessoas com hemofilia A e inibidores do Fator VIII em comparação com o tratamento atual sob demanda

São Paulo, 22 de dezembro de 2016 – A Roche, líder mundial em biotecnologia, anunciou hoje os resultados de desfechos primários do HAVEN 1, um estudo clínico de fase III que avalia a profilaxia com a molécula emicizumabe em pacientes de 12 anos de idade ou mais com hemofilia A e inibidores do Fator VIII. O emicizumabe é um anticorpo monoclonal experimental, que atua como um elo de ligação entre os fatores IXa e X substituindo a função do fator VIII – proteína necessária para ativar o processo natural da coagulação e restaurar a coagulação sanguínea. O medicamento é administrado via subcutânea uma vez por semana, diferentemente das terapias convencionais de reposição de fatores de coagulação para tratamento dessa doença, marcadas por infusões intravenosas frequentes.

O estudo, realizado globalmente com pessoas com hemofilia A de 12 anos de idade ou mais e com inibidores do Fator VIII, mostrou uma redução estatisticamente significativa dos episódios de sangramento no grupo que recebeu a profilaxia com emicizumabe, comparado ao que recebeu tratamento sob demanda com os chamados agentes “bypass” (fatores de coagulação usados no tratamento de pacientes com hemofilia A que desenvolvem inibidores do fator VIII). O estudo também alcançou seus desfechos secundários, incluindo uma redução estatisticamente significativa do número de episódios de sangramento nos pacientes que receberam profilaxia com emicizumabe, quando comparados ao tratamento profilático prévio com os agentes “bypass”.

A Roche atua na área de hematologia há mais de 20 anos e já desenvolveu medicamentos inovadores que ajudaram a redefinir o padrão de tratamento de diversos tipos de câncer do sistema sanguíneo. Os estudos com emicizumabe marcam a entrada da Roche, líder mundial em oncologia, também na área de coagulopatias.

“O desenvolvimento de inibidores que diminuem ou anulam a eficácia da terapia de reposição de Fator VIII é um dos maiores desafios no tratamento atual da hemofilia A. Esse fenômeno coloca os pacientes em risco de sangramentos potencialmente fatais e repetidos, que podem causar dano articular no longo prazo”, afirma Dra. Sandra Horning, diretora médica e chefe do desenvolvimento global de produtos da Roche. “É uma satisfação para nós ver que, no nosso primeiro estudo piloto, a profilaxia com emicizumabe reduziu significativamente o número de episódios de sangramento, nesses pacientes de difícil tratamento. Esperamos poder trabalhar lado a lado com as autoridades de saúde para levar esse tratamento aos pacientes de hemofilia o quanto antes”, finaliza.

O estudo HAVEN 1 é o primeiro estudo de fase III do programa de desenvolvimento clínico do emicizumabe que tem resultados relatados. Os eventos adversos mais comuns observados com emicizumabe foram reações no local da injeção, em linha com estudos anteriores. Os dados completos do HAVEN 1 serão apresentados em um próximo congresso médico e submetidos às autoridades regulatórias de saúde de todo o mundo para análise e aprovação.

Sobre o HAVEN 1 (NCT02622321)

HAVEN 1 é um estudo de fase III, multicêntrico, aberto, randomizado, que avalia a eficácia, a segurança e a farmacocinética da profilaxia com emicizumabe versus tratamento sob demanda com agentes bypass em pessoas com hemofilia A e inibidores do Fator VIII. O estudo incluiu 109 pacientes de 12 anos de idade ou mais, que haviam sido previamente tratados com agentes de bypass de modo profilático ou nos episódios de sangramento (tratamento sob demanda). Os pacientes previamente tratados com agentes “bypass” nos episódios foram randomizados na proporção de 2:1 para receberem profilaxia com emicizumabe (grupo A) ou terapia com agentes “bypass” sob demanda (grupo B). Os pacientes previamente tratados profilaticamente com agentes “bypass” receberam profilaxia com emicizumabe (grupo C). O protocolo permitia o uso de agentes “bypass” para tratamento de novos episódios de sangramentos. O desfecho primário do estudo foi o número de episódios de sangramento ao longo do tempo, comparando-se a profilaxia com emicizumabe (grupo A) a terapia com agentes “bypass” sob demanda (grupo B). Os parâmetros secundários incluíram a frequência de todos os sangramentos, a frequência de sangramentos articulares, de sangramentos espontâneos, de sangramentos em articulações alvo, a qualidade de vida relativa à saúde (HRQoL) / o estado de saúde, a comparação intrapaciente na frequência de sangramento durante o esquema profilático prévio com agentes “bypass” (grupo C) e a segurança.

Sobre emicizumabe (ACE910)


O emicizumabe está sendo avaliado em estudos pilotos de fase III em pessoas de 12 anos de idade ou mais, com e sem inibidores do Fator VIII, e em crianças abaixo dos 12 anos de idade com inibidores do Fator VIII. Os futuros estudos avaliarão esquemas posológicos de menor frequência. O programa de desenvolvimento do emicizumabe avalia o potencial do medicamento para vencer os atuais desafios clínicos, como a alta frequência das infusões, via de administração e o desenvolvimento de inibidores do Fator VIII. O emicizumabe foi criado pela Chugai Pharmaceutical Co., Ltd. (Japão) e está sendo co-desenvolvido por Chugai, Roche e Genentech (EUA).

Sobre a hemofilia 'A'


A hemofilia A é um transtorno grave, hereditário, no qual o sangue não coagula adequadamente, o que leva a sangramento descontrolado e, frequentemente, espontâneo. A hemofilia A afeta cerca de 320 mil pessoas em todo o mundo, das quais aproximadamente 50% a 60% têm uma forma grave da doença. Pessoas que sofrem de hemofilia A têm falta total ou quantidade insuficiente de uma proteína da coagulação chamada Fator VIII. Na pessoa saudável, quando ocorre um sangramento, o Fator VIII liga os fatores de coagulação IXa e X, uma etapa crítica para a formação do coágulo sanguíneo que ajuda a estancar o sangramento. Uma complicação grave do tratamento é o desenvolvimento de inibidores do Fator VIII usado na terapia de reposição. Os inibidores são anticorpos que o sistema imunológico do organismo desenvolve e que se ligam ao Fator VIII de reposição, bloqueando sua eficácia e dificultando ou mesmo impossibilitando a obtenção de um nível de Fator VIII suficiente para controlar o sangramento.

Referências

1 WFH. Guidelines for the management of hemophilia. 2012. Último acesso em 21 de outubro de 2015: http://www1.wfh.org/publications/files/pdf-1472.pdf.
2 Berntorp E, Shapiro AD. Modern haemophilia care. The Lancet 2012; 370:1447-1456.
3 Marder VJ, et al. Hemostasis and Thrombosis. Basic Principles and Clinical Practice. 6th Edition, 2013. Milwakee, Wisconsin. Lippincott Williams and Wilkin.
4 Gomez K, et al. Key issues in inhibitor management in patients with haemophilia. Blood Transfus. 2014; 12: s319–s329.
5 Whelan SF, et al. Distinct characteristics of antibody responses against factor VIII in healthy individuals and in different cohorts of hemophilia A patients. Blood 2013; 121:1039–48.

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